segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

"Sessão 11: Tiamat Unleashed"


Tanto que haveria por escrever sobre esta sessão...
Se eu fosse a falar de tudo, não chegavam três blogues!

Mais vale começar, logicamente, pelo princípio.

Kasdeva e O Pacto de Tiamat

Quando se procura criar vilões a sério e histórias a sério, mais importante do que ter um vilão poderoso, é fazer com que os seus actos tenham efeitos poderosos. Kasdeva não era propriamente poderosa – como aliás foi possível constatar – mas o efeito da “obra” dela... vai seguramente perdurar por muitos e longos anos na High Forest.
O Pacto de Tiamat tinha que ser algo imponente. Não podia ser um ritualzeco que qualquer dragão conjurasse. E como tal, as “bênçãos” desse Pacto teriam que ser algo tangível. Não podia simplesmente ser um “boost” nas habilidades do dragão, ou algo tão simples como um “wish”. Se era um Pacto de uma deusa lawful evil, então o efeito teria que perdurar na memória das suas vítimas.

A Batalha

Eu não sabia ao certo como é que tudo isto se iria processar. Aliás, isto nem era suposto processar-se, verdade seja dita. Esta ideia ocorreu-me há relativamente pouco tempo. A Kasdeva estava pensada para uns níveis mais à frente, mas eu comecei a pensar “bom, se guardo os dragões todos para o final, vai ser um bocado aborrecido... chegamos a nível 18 e passamos as sessões todas a matar dragões...” Mas então, como é que se caça um dragão de CR16-18 com um grupo de nível 11? E como é que se resolve a questão da “progenia de Tiamat”?
Kasdeva tinha uma natureza semi-demoníaca, fruto de um pacto com o demon overlord que há vários milénios planeava a sua libertação da prisão que era o Avô-Árvore. O seu objectivo era usar o Pacto para obter uma força que lhe permitisse derrubar as forças de Turlang e assim libertar o demónio, tornando-se uma leal serva deste, e acumulando ainda mais poder – ficando provavelmente como “dona” da High Forest. Estes eram os seus planos.
Enfim, mas a bem da “saúde” de uma campanha, eu nunca iria dizer simplesmente “bom, de um dia para o outro apareceu um dragão muita poderoso que conquistou o pessoal todo da High Forest, e matou aquilo tudo”. Os jogadores têm sempre que ter uma palavra a dizer. E assim comecei à procura de uma forma de resolver uma “mass battle” em defesa do Avô-Árvore, em simultâneo com uma caça à Kasdeva. Sim, Kasdeva tinha que cair aqui. Este era um momento importante da Campanha. Era preciso matar o dragão verde.
Pensei numa forma simples de resolver a batalha dos exércitos. Não queria passar horas a rolar dados e a aplicar modifiers, e percentagens e sei lá o quê mais. Isso seria aborrecido. Então desenvolvi um sistema simples, e equilibrado. Existe o mesmo número de exércitos do lado dos bons e do lado dos maus. Têm exactamente os mesmos modifiers (+10, +8, +6, +4), e a única coisa que vai fazer variar esta balança é a “simulação táctica”. Pareceu-me ser um desafio muito interessante, e daquelas coisas raras – e difíceis de conseguir – onde é possível desfiar ao mesmo tempo os jogadores, e as personagens. O knowledge dragons da Sionna e do Lithlandis tinham um papel crucial para a estratégia, e o conhecimento próprio dos jogadores em relação a cada “tribo” e à sua constituição, pontos fortes, fracos, etc., seria o contrapeso na balança.
Tudo isto dava um desafio equilibrado, e ao mesmo tempo mantinha “o espírito de D&D” de deixar os dados funcionar como “forças do Destino”.
Infelizmente, quis o Destino que a sorte (?) estivesse do lado do DM. Pode-se dizer que foi por uma unha negra. Da mesma forma que, se 2 dos 3 PC ficassem knocked-out eu acabava a batalha com a derrota da High Forest, caso a Kasdeva tombasse antes do Avô-Árvore levar o dano máximo, a batalha terminava com a vitória das forças da High Forest. Foi por um turno. A Kasdeva morreu exactamente um turno depois do Avô-Árvore ser destruído.

»» Pelo Melhor:
Eu diria que o resultado, apesar de inesperado, acabou por ser o mais interessante de tudo. A Campanha levou um abanão considerável. Eu sabia que o resultado mais provável era a vitória da High Forest. Já tinha visto com que facilidade o David e a Sandra rolavam knowledge dragons, e só se o pessoal fosse muito burro (“bora colocar os treants contra os red dragons”) é que haveria uma catástrofe em termos dos modifiers da batalha.
Sabia que o segundo resultado mais provável passava por a Kasdeva matar ou neutralizar grande parte do grupo. Bastava um falhanço num save vs breath, ou um full attack com um critical pelo meio, e qualquer uma das personagens ficava com os HP muito próximos de zero (no caso do Jack, inclusive abaixo disso). Se este cenário acontecesse, eu estava preparado para fazer um reset à Campanha. Vocês eram capturados, o Pacto era terminado, e a Campanha continuava cerca de 100 anos depois, com o Lithlandis agrilhoado como uma espécie de troféu dos dragões, os dois humanos transformados em estátuas de pedra a adornar o palácio dos Morueme, e com a drow aprisionada de uma forma que não posso revelar, por questões de “spoiler”. Seria uma reviravolta tremenda na Campanha, e que levaria o grupo a trabalhar “de trás para a frente”. Não deixava de ser interessante, se bem que mandava todo o trabalho que fiz com o planeamento da Campanha para o lixo. Mas estava disposto a tal.
O cenário que acabou por acontecer, era o que me parecia menos provável, mas alas!, a Lei de Murphy é infalível. Era o único com o qual eu não tinha perdido muito tempo a pensar nas consequências, e assim vai-me dar algum trabalho em pensar no “dia depois de amanhã”. Uma coisa é certa: trouxe um fôlego novo à Campanha, e vai-nos obrigar a parar e repensar prioridades.
Se pararmos para pensar nesta nova realidade, é exactamente aquilo que o Jack queria. Ele não anda há uma data de tempo a dizer que era preciso encontrar uma força suficientemente poderosa para fazer frente aos anões? Bom... aí está ela! ;)
E percebem agora porque razão eu disse que, nas suas boas intenções, quando o David decidiu retirar os elfos dos Silver Marches e mandá-los para a High Forest, lhes tinha assinado a sentença de morte? Era-lhe obviamente impossível prever o que iria acontecer, mas eu já sabia que os pobres refugiados, a dada altura iam cruzar caminho com “uns quantos tipos de várias cores”. Foi literalmente um “saltar da frigideira, para o meio da fogueira”.

»» O Momento da Sessão:
O Avô-Árvore tomba. Ok... e agora? Era preciso que isto tivesse um significado sério. Algo do estilo “ground-breaking”. Tal como foi referido, custa bastante “descartar” assim tantos NPC importantes e que foram construídos ao longo de tantas sessões. É triste ver o Turlang morrer, ver o Asteraceae morrer, ver o próprio Hulrune morrer, e até mesmo o Sernius, uma personagem nova, mas para a qual eu tinha muitos planos para o fazer crescer. Mas outro resultado não seria aceitável. Dizer que as forças da High Forest perdiam, mas “os NPC importantes escapavam todos” seria muito falso. E uma coisa é certa, se custa a todos ver estas “personagens de papel” morrer, é porque de facto o objectivo principal da Campanha foi cumprido: ela tornou-se real... demasiado real.
A primeira Campanha foi muito boa. A segunda superou as expectativas. Mas esta, que ainda vai a meio, acho que já bateu todos os níveis que havia para alcançar.

»» Pelo Pior:
Ter o grupo separado. Passem os anos que passarem, esta espinha vai-me ficar sempre atravessada na goela. Haja os argumentos que houver, esta pedra vai ficar sempre no sapato. Este era um momento-chave na Campanha. Este era um momento de “tudo ou nada”. Este era o momento de ter o grupo mais forte e coeso do que nunca. E foi precisamente neste momento que o grupo se dividiu.
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAGHHHH!!!!
Eu tinha pensado numa saída para dar a volta a isto: enquanto o grupo estava a ser curado na Torre dos Harpers, a Karelya conseguia escapar até à orla da floresta, mandava uma mensagem ao Sid, e dava tempo ao grupo de ir a correr salvá-la, perdendo apenas duas ou três horas para chegar ao Avô-Árvore. Mas o desgraçado do Gengibre recebe a mensagem, não diz nada a ninguém, e sai porta fora. E eu fico: “fuck, já me lixaram o esquema...”
Bom, não há volta a dar... o grupo separa-se mesmo...
Não vale a pena estar a bater na mesma tecla, até porque já falei várias vezes de todos os “contras” que resultam disto. De futuro, vamos ter mais cuidado.

»» Lições e Considerações:
Lições?
Humm...
Um rei lendário entre os anões morreu.
Sundabar jaz num monte de ruínas.
Os exércitos dos anões estão espalhados e divididos entre várias tarefas.
Silverymoon e Everlund têm as suas forças reduzidas a metade.
O Pacto dos Silver Marches foi destruído e a Legião Argêntea dissolvida.
Os Eyes of Moradin foram dizimados, e o importante juiz Näsica morto (spoiler!).
Um dos campeões de Corellon foi corrompido, enquanto o outro teve que sacrificar a vida para permitir que os seus protegidos fugissem.
O ancestral Avô-Árvore, o mais importante bastião da Natureza em todo o Faerûn, foi reduzido a cinzas.
Turlang, Asteraceae, Cytogenastaer e todos os treants seculares que representavam “o coração” da High Forest, estão mortos.
Reitheillaethor, o último reduto dos descendentes do original império élfico de Aryvandaar, foi exterminado.
As forças de Lothen dos Picos de Prata foram reduzidas a uma pálida expressão. Sem os Príncipes da cidade, e sem o couatl, pouco resta dos moon elves.
A tribo Uthgardt “Tree Ghost” foi extinta.
Os escassos druidas sobreviventes, sofreram na pele, com a perda das suas faculdades, as consequências da morte do Avô-Árvore...
...
E tudo isto sem que Olothontor tivesse necessidade de sair uma única vez da sua caverna para manchar as mãos... Se isto não faz dele “O” vilão, então não sei o que mais é preciso...

»» Nota da Sessão: 16/17
Algo que me dá alguma pena: tinha planeado para o final da sessão organizar um “Concílio dos Treants”, onde Turlang chamava Lithlandis e Sionna para participar numa reunião com Hulrune (Alex) e o Couatl (Gengibre) para determinar de que forma é que seria possível organizar as forças da High Forest de forma a protegê-la melhor no futuro. A floresta era composta por várias comunidades, que não comunicavam entre si, e isso era uma fraqueza, como aliás revelava a dificuldade em coordenar as forças para travar a progenia de Tiamat.
Ficará para a História como “o Concílio que nunca chegou a ocorrer”...

7 comentários:

Alex disse...

Muita coisa para falar realmente... :P

1- De forma geral, gostei da sessão. Estava bem construída, gostei do modelo que fizeste para resolver as mass battles e a forma como incorporaste as skills dos teus players e o sistema era, de facto, equilibrado. E nisto se calhar está o busilis da questão... Acho que teria sido mais fácil para ti (e para nós), se tivesses determinado logo qual dos lados preferias que tivesse vencido. Não digo "os maus morreram, voces ganharam, parabéns". Mas podias ter dado um vantagem ligeiramente mais considerável ao lado dos bons sem teres prejudicado o ímpeto da sessão e da situação, ainda assim garantido que os "bons" tinham ganho. Obviamente que há muito bom roleplay a fazer quando os maus ganham. Mas também é preciso levar em conta que d&d é um roleplay "épico". Como qualquer epopeia pode ter os seus momentos difíceis, mas no fim os bons ganham sempre. Francamente, não é exactamente o que tem estado a acontecer :P. Não posso de deixar se sentir enquanto player um sabor muito amargo quando vejo centenas de horas de roleplay a "ir por água abaixo", porque os npcs morrem, as histórias explodem e os lugares imaginados na nossa memória ficam a arder. Obviamente que todas as histórias têm que ter as suas tragédias e isso até pode ser um ponto de partida para fortalecer e renovar o roleplay em si. Mas acho que neste momento vais ter que lhe dar com força para conseguires dar uma reviravolta que mantenha a história coesa e ainda assim apelativa. (Gostei da ideia dos 100 anos, acho que teria sido muito interessante.)

2- Como sabes admiro-te muito como storyteller e estou farto de te dar os parabéns. Mas acho que como toda a gente temos sempre algo a aprender de novo e sinto que estás a cair num problema que já me afligiu a mim também e a todos os dms com quem já joguei. Resumidamente: "the bigger, the better.". Qualquer storyteller (e qualquer player também), à medida que o rol progride quer ver coisas maiores e mais importantes a surgir à sua frente. E o storyteller que quer arregalar o olho aos players vai sempre tentar encontrar a coisa mais mirabolante que conseguir para continuamente deixar os jogadores a dizer "uau". O perigo disto para o storyteller é que para conseguir manter o "uau", vai sempre procurar coisas maiores e maiores até que chega a uma altura que os jogadores já foram ultrapassados pelo storyteller. O combate com a Kasdeva correu bem, mas acho que nunca devia ter acontecido. Porque se a nível 11, andamos a derrotar dragões CR16-18 (portanto, para uma party de 4 ou mais players de nível 17), o que vais por à nossa frente a nível 16 ou 17? O que isto promove é que começam a surgir mais e mais npcs que "não são para os jogadores". Ora isto é terrível e é a pior coisa que podes fazer. Sem ofender ninguém, era o que destruía os roles do Pelicano, quando ele coloca npcs "que não são para os players" e os players decidem in-character, que até deviam tentar meter-se com o npc. E depois ou dizes "os players morrem, ponto", ou então concedes aos players e metes os semi-deuses a tropeçar e morrer nas suas espadas... Qualquer dos dois caminhos leva à perdição. Muito francamente, em momento algum nós tínhamos hipóteses contra a Kasdeva. Acho que nenhum de nós tem ilusões que nós fomos espectadores num combate entre o Silverwing e a Kasdeva... Porque achas que eu fui atrás da Qamara e ignorei o dragão? Ou achas realmente que 35AC é realista a nível 11? Fully buffed, precisava de um 19 ou mais no ataque mais forte que tenho para acertar... WTF? Para ser franco, quando começaste a desenvolver a história dos vários exércitos, imaginei que fossemos derrotar um "general" de cada um deles (até lhes estavas a dar flavor e tudo...). Não imaginei que a Kasdeva viesse cá parar. Ainda assim, com tropeções e afins, lá derrotámos a Kasdeva. Ou melhor, o Silverwing derrotou a Kasdeva e nós ajudámos. Ou melhor ainda, o Silverwing derrotou a Kasdeva e nós ajudámos porque a Kasdeva não usou um décimo do que tinha para fazer, fazendo um elder dragon com pactos demoníacos parecer um hipogrifo convencido.

3-Isto leva-me ao terceiro ponto do dia. "Off character" (e reforço isto), revelaste-nos que o demónio dos 13 mil anos é CR30+ e que, mais uma vez, "não é para os players". Isto enquanto criticavas o facto de usarmos informação off-character na situação dos Eyes of Moradin. O que esperas que façamos agora? In-character, eu não percebo absolutamente nada de demónios. A minha personagem está absolutamente convencida que os exércitos anões derrotam aqueles gajos na boa... Out of character tenho a perfeita noção que nem que a vaca tussa. E agora vais fazer o quê? O demon prince agora que está liberto decide ir-se embora e vai passear para outro plano da realidade, para nunca mais aparecer? Mais valia pores o Elminster e dizeres "I pwn...", ao lado do Drizzt, que era menos ridículo. Vais pôr-nos a derrotá-lo com o exército de anões? Inverossímil. Vais por-nos à procura de um artefacto xpto dos deuses que o mata/bane para outro sítio? Vamos matar um gajo CR30 a nível 11, oba oba... Ou então esperas que ignoremos o evento e sigamos caminho para norte, para procurar mais um dragão que não vamos conseguir derrotar sem outro npc qualquer?

4-Aparte do restante, vamos discutir o futuro do roleplay. "In-character" sabemos que as forças combinadas de todos os elfos, bárbaros, gnomos e treants foram incapazes de parar o exército ANTES de eles terem o seu príncipe demónio; sabemos que eles iniciaram o seu movimento de sul para norte, por isso a lógica agora é continuarem por aí acima; sabemos que os anões que, imaginamos nós, até os conseguiriam derrotar, estao espalhados; Sundabar está na merda e a lógica depois de receberem a nossa mensagem é deixarem-no assim; Silverymoon tem a Alustriel e pontapé de magos que (mais uma vez na nossa ilusão) serão capazes de aguentar a cidade no sítio; Everlund, a cidade mais próxima fisicamente e mais próxima dos nossos corações, está na merda. Estamos agora a caminho de Caer'bara para restaurar as nossas forças e pensar num plano. Aparte de arranjares uma forma verossímil do gengibre atravessar um exército de milhões e se voltar a juntar a nós, vamos fazer o quê? Claramente o demónio é mais forte que a Kasdeva era; para que é que o Olothontor o quereria chamar? Temos que presumir, logicamente, que o demónio não é forte o suficiente para derrotar o próprio Olothontor (mal sabemos..). Ou então, que o Olothontor é também uma prostituta vendida aos demónios. Mas se for esse o caso, para quê libertar alguém que o deixa no cantinho? Para quê sonhar ser CR23 quando anda um CR30 a passear nos seus terrenos? Pelo que determinámos até agora, tudo isto era uma distração para que o Olothontor tivesse tempo para reunir tudo o que precisa para completar o pacto. Se for o caso, claramente isto poderia ser o "mestre" da Kasdeva, mas está longe de o ser para Olothontor. Sendo esse o caso, é fácil presumir que o exército anão será capaz de impedir isto. O próximo passo que faz sentido é irmos para Everlund e, com o auxílio dos anões, defendermos os Silver Marches do exército. Certamente dará sucesso ao plano do Olothontor, mas trocar uma possível destruição futura por uma presente parece ser uma boa lógica. E se, como qualquer estratega inteligente faria, os anões não vierem ao socorro dos humanos? Afinal, não só estariam em desvantagem como não faria sentido ajudarem aqueles que os "abandonaram" (coitadinhos, são uns pobrezinhos, vítimas da sociedade...). Fazemos o quê então? Deixamos Everlund à sua sorte? Evacuamos toda a gente para Silverymoon e rezamos que a Alustriel os proteja e aceite? E quem vai convencer o Moorwalker que deve abandonar tudo o que tem e levar toda o seu povo para norte? Não me parece... Vamos ignorar isto e ir atrás do dragão branco? Mas nós mal conseguimos derrotar a Kasdeva... E entretanto o que acontece aos Silver Marches? Vamos procurar forma de derrotar o príncipe demoníaco, esperando que isto desmoralize as hordas dracónicas? Faz sentido, in-character. (out-of-character, é favor ler o ponto anterior). A lança de Moradin matou o pai do Olothontor... certamente deve ser capaz de matar um demónio que, tanto quanto sabemos, será inferior ao próprio Olothontor... (E se esta for a nossa decisão Jorge? E se, como solicitas, ignorarmos a informação off-character que nos deste e formos atrás dele? É auto-death ou auto-kill?)

Cito-te:
"Se pararmos para pensar nesta nova realidade, é exactamente aquilo que o Jack queria. Ele não anda há uma data de tempo a dizer que era preciso encontrar uma força suficientemente poderosa para fazer frente aos anões? Bom... aí está ela!" ROFL! Achas que sim? Coitadinha da política dos Silver Marches, que agora é inexistente. É que mesmo que "apagues" o exército dracónico, eliminando a maior fonte de destruição dos Silver Marches, qual é a política que tens? Tens os anões... e os anões... e os anões... e depois pouquitos humanos e uma minoria patética de elfos (já que aniquilaste até ao último a maior facção militar élfica não é...). A política já foi, resta ver se os Silver Marches vão atrás dela.


Para concluir algo que já vai muito longo: nada está perdido. Mas é preciso, Jorge, que lhe dês com força na história que aí vem. E que acabes, de uma vez por todas, com os npcs "que não são para os players". É a pior coisa que podes fazer ou colocar num roleplay, e a pior forma que podes usar para tornar o roleplay épico. Não é épico, mas por total oposição, desapontante, derrotarmos a Kasdeva a nível 11. Nunca devia ter acontecido e, embora tenha acontecido, não foi em nada mérito dos jogadores. Se ficámos vivos, foi apenas e exclusivamente porque os npcs quiseram e porque não se deram ao luxo de usar o que realmente os torna épicos sabendo que nos matavam em uma acção só. Enquanto player, não me impõe nenhum interesse ou fascínio saber que, uma vez atrás outra, estou a fingir que consigo derrotar adversários que não me matam em uma ou duas acções PORQUE NÂO QUEREM. Se isto já era verdade para a Qamara e as suas amigas no rol passado, é infinitamente mais para a Kasdeva. Se de alguma forma é desapontante para ti os combates "não serem impressionantes" e viste-te forçado a fazer o que aconteceu com a Qamara e as succubus, garanto-te que é ainda pior para os players quando vêem que, desde o primeiro momento, não têm qualquer hipótese realista de vencer excepto se o storyteller permitir...

Unknown disse...

Sim, acho que esta escalada subita de poder tem de ser controlada de perto pelo Jorge.

A sessão foi boa, embora gostaria que as coisas tivessem sido feitas de uma outra forma, but alas such is not the way.

Independentemente temos que andar para a frente, e eu acho que acima de tudo temos que voltar a trazer a party junta, e vamos ter que tomar conta de algumas situações que estão "impending".
Tive a falar com o Alex há pouco e ele deu uma ideia gira - cada jogador deveria de mandar um mail ao Jorge a pensar o que vai acontecer agora e o que é que a sua personagem vai fazer, para o Jorge ter uma ideia do que esperar.
Acho uma boa ideia, e pessoalmente devo fazer isso, mesmo que isso não seja discernivel no pequeno texto que vou escrever daqui a pouco.

Doeu-me um pouco ver que perdemos a batalha porque efectivamente tivemos a lutar com menos um membro na party. O treant não fez nada.
Perdemos todos estes Npc's porque em vez do Sid, tinhamos um broculo. Enough said.

Adorei a sessão, mas teve um sabor muito amargo no final...

Psygnnosed disse...

Ouch…
THE WRATH OF THE JACK!!!

Afinal a sessão não correu tão bem como eu pensava...
Vamos lá dissecar isto tudo: há coisas em que tens razão, coisas em que talvez tenhas razão, e coisas em que não tens razão absolutamente nenhuma. ;)

Vamos lá seguir isto ponto por ponto.

1.

“Acho que teria sido mais fácil para ti (e para nós), se tivesses determinado logo qual dos lados preferias que tivesse vencido.”

Não entendo este ponto. Isto seria a coisa mais linear e anti-role que seria possível fazer. Eu deixo SEMPRE uma palavra para ser dita pelos jogadores. Se inclusive coloquei a base desta campanha – O Pacto dos Silver Marches – nas mãos dos jogadores, isso prova acima de tudo que as coisas não acontecem “mediante o que eu prefiro”. Deixa-me recordar que se o Pacto foi extinto, não foi por decisão minha. Foi por uma decisão – muito boa a nível de role – de um jogador. Se os elfos saíram todos dos Silver Marches e seguiram em direcção à floresta, mais uma vez não fui eu que os atirei “para a boca do lobo”. Novamente, foi por um decisão – muito boa a nível de role – de um jogador.
Posto isto, eu nunca vou assumir a postura de “qual dos lados é que eu prefiro que vença”. Nem nunca fiz nada perto disso, dei sempre margem para adaptar a campanha aos resultados com que esta se deparava. Agora, logicamente, mesmo que vocês “os bons”, a história de “os bons ganham sempre” não funciona exactamente assim... E no dia em que funcionar, é muito mau.

“Mas também é preciso levar em conta que d&d é um roleplay "épico". Como qualquer epopeia pode ter os seus momentos difíceis, mas no fim os bons ganham sempre.”

Inteiramente de acordo. Mas... nós não estamos em nível 11? O jogo não acaba só a nível 20? Parece-me que ainda estamos um bocadinho longe “do fim”. Ou só porque a Grande Floresta sofreu uma pesada derrota isto já é o Armaggedon, o Ragnarok e por aí fora? Não estás a ser demasiado catastrofista? YOU DRAMA QUEEN!!!!!!!

“Não posso de deixar se sentir enquanto player um sabor muito amargo quando vejo centenas de horas de roleplay a "ir por água abaixo", porque os npcs morrem, as histórias explodem e os lugares imaginados na nossa memória ficam a arder.”

Inteiramente... em desacordo! Não vejo nada disto com o “ir por água abaixo”. Faz parte das grandes histórias (tal como referiste) a perda de personagens-chave. Também no LOTR morreu o Boromir. Também em Dragonlance morreu o Sturm Brightblade. Também em Star Wars morreram o Obi-Wan Kenobi e o Yoda. Querias que a nossa campanha fosse diferente? Ao fim ao cabo, quem é que morreu? Cinco ou seis NPC. Não discuto a sua importância, e fico contente (sem sadismo pelo meio) que os jogadores fiquem tristes por verem alguns “amigos” sucumbirem. Mas bolas, estamos a falar de uma batalha pesada... não podia simplesmente dizer “morreram uns tantos gnomos e mais uns quantos bárbaros, mas os NPC importantes fugiram todos!”
Os NPC só morrem quando vocês se esquecem deles. Não queres que o Sernius seja esquecido? O Lithlandis que pague uma comissão para lhe fazer uma estátua en Caer’bara. Não queres que o Avô-Árvore e o Turlang sejam esquecidos? A Sionna que garanta que a sua história perdurará na floresta. Não queres que o Hulrune seja esquecido? Então o legado dele que perdure no seu filho, e o Lithlandis que garanta que ele cresce sabendo o herói que foi o pai, apesar de todos os defeitos que tinha.
Nada foi por água abaixo. Como disse em tempos um famoso gnomo: “Nada se perde, tudo se transforma!”

2.

“sinto que estás a cair num problema que já me afligiu a mim também e a todos os dms com quem já joguei. Resumidamente: "the bigger, the better."

Mas não é essa a filosofia por trás de qualquer jogo de role-play com progressão de níveis? Em nível um enfrentar 3 goblins é um desafio épico! A nível 10? Se calhar enfrentas o gret chieftain goblin montado num tiranossauro. A nível 20? Bom... aí és capaz de enfrentar o deus dos goblins.
Eu percebo o que estás a querer dizer, mas até este momento eu não incorri nesse erro. Não estou a desenhar uma campanha “Dragonball” onde cada boss que aparece é “mais invencível e mais imortal e mais giga-mega-ultra-broken que o anterior”. Mas como é óbvio, tem que haver bosses! Não queres passar a campanha toda simplesmente a “aviar minions”.

“O combate com a Kasdeva correu bem, mas acho que nunca devia ter acontecido.”

Epá... again eu levo porrada por ter cão e porrada por não ter... Quando decidi guardar os dragões para mais tarde, para não cair no ridículo de “agora vamos enfrentar o dragão de nível 4... agora vamos enfrentar o dragão de nível 6...”, levei porrada porque não metia dragões, agora que meto dragões... levo porrada porque meto dragões. Expliquei no post inicial porque razão decidi meter a Kasdeva agora. Além do mais, a Sandra já me tinha pedido há tempos para fazer um duelo com dragonriders. Ora... não é a nível 18 que tu montas um dragão para ir matar outro. A nível 18 teleportas-te até ao dragão, e dás-lhe cado do coiro.

Agora aqui permite-me fazer uma pausa (sem Kit-Kat) para fazer um desabafo. Começa a tornar-se muito frustrante para mim ver que por mais que tente, vocês nunca ficam contentes com os resultados. Eu faço rigorosamente o que vocês me pedem, e depois levo porrada porque vocês não ficam contentes... A Sandra quis um gato que voasse, eu dei-lho e levei uma bofetada porque em vez do gatinho que lambia feridas devia ter-lhe dado um gatão que desse porrada. O David pediu-me uma arma mítica, que ao juntar duas espadas se transformasse numa lança. Em vez de ir ao DMG e “toma lá a random weapon # 7636”, procurei criar uma série de quests em redor da arma, para surgir uma coisa gira. Levei uma bofetada porque a espada não é nada de especial, e só é boa contra dragões. Fiz as bracers do Firenostril, novamente com quests associadas, e o Gengibre ficou desapontado com elas.
Epá... any help, here? É um bocado difícil contentar pessoal que nunca fica contente. Quer-me parecer que só se andassem todos com full plate+5 of fire invulnerability e vorpal gatling gun +5 é que ficavam satisfeitos...
Se dou coisas “dos livros oficais”, faz tudo ar de “meh, para que é que isto serve? Bora vender.” Se dou coisas “customized”, dizem “meh, as cenas oficiais eram melhores...”
Quando opto por dar dinheiro para vocês comprarem a vosso bel-prazer, refilam porque eu não dou mais poções e items...
Pessoal... seriously???????

“O que isto promove é que começam a surgir mais e mais npcs que "não são para os jogadores". Ora isto é terrível e é a pior coisa que podes fazer.”

Até hoje, em trinta e oito sessões de campanha principal, não vos meti à frente um único “NPC que não seja para os jogadores”. Meti, isso sim, vários gajos de nível mais elevado para criar história suficiente para um dia (leia-se: nível) vocês os poderem enfrentar. Se não achas que esta é a abordagem correcta, então será sempre impossível fazer uma campanha “a longo prazo”, e mais vale começar a comprar os módulos oficiais e a jogá-los. Não dão trabalho nenhum ao DM, e todos os NPC estão ali fresquinhos para a party os esmifrar.
Nunca colquei um NPC que não fosse para os jogadores. O próprio Olothontor é para os jogadores, simplesmente há que crescer enquanto personagem para o ir matar.
Quanto ao demónio em si, sabes o que é tinha acontecido se eu não tivesse dito isto? Em vez de irem para Sul, vocês tinham ido DIREITINHOS à Alustriel dizer: “está ali um demónio grandalhão, vai lá matá-lo”. E não me digas “mas alguma vez nós íamos fazer isso?”, porque sabes perfeitamente que sim. Até em Scornubel, mal ouviram falar de licantropos qual foi a primeira reacção? “Vamos a correr falar com os paladinos”.
Obviamente o demónio há-de ser para os jogadores. A história do “CR 30-e-tal” foi referente apenas ao bicho da Wizards em que eu me baseei para escolher qual demónio lá colocar. Se eu sempre disse que o jogo é para ir até nível 20, e não entramos em epic level porque eu não acho que faz sentido, então logicamente todos os desafios para a party têm que estar a esse nível. A própria Alustriel consta no livro como CR 28, e eu sempre disse “ela é uma wizard de nível 20 e ponto final”. A única coisa que eu coloco “não para os jogadores” são os deuses, senão tínhamos o rídiculo do “ok, party de nível 20, bora matar deuses”.
O demónio, presentemente, não é para os jogadores. Mas isso também acontece com o Olothontor. Eu continuo é sem perceber esta “abordagem catastrofista” onde parece que o mundo já acabou. São VINTE níveis de jogo, nós estamos a nível ONZE. Sensivelmente ainda vamos a 55% da campanha... É pouco mais de metade... Where’s the friggin’ Apocalypse?

“Muito francamente, em momento algum nós tínhamos hipóteses contra a Kasdeva. Acho que nenhum de nós tem ilusões que nós fomos espectadores num combate entre o Silverwing e a Kasdeva...”
+
“Ou achas realmente que 35AC é realista a nível 11? Fully buffed, precisava de um 19 ou mais no ataque mais forte que tenho para acertar...”
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“Ou melhor ainda, o Silverwing derrotou a Kasdeva e nós ajudámos porque a Kasdeva não usou um décimo do que tinha para fazer, fazendo um elder dragon com pactos demoníacos parecer um hipogrifo convencido.”

Aqui já sei que, por muitos argumentos que eu coloque em cima da mesa, tu vais sempre manter a mesma ideia. Mas ao menos, deixa-me então explicar o porquê de estares errado.
Eu maximizei os HP da Kasdeva. Ela tinha exactamente 391, que era o máximo que podia ter. Desses 391, quase metade foram-lhe tirados pelo Lithlandis e pela Sionna. Não acreditas? Quanto a isso não posso fazer nada... Que tu me digas que o Jack nada podia contra a Kasdeva, eu concordo... Mas é suposto o Jack poder algo contra tudo? Esse não é o papel do Jack, pois não? O Lithlandis consegue fazer manobras políticas? Não. E porquê? Porque é bom para a porrada, e em particular contra dragões.
Quanto à cena do AC não ser realista... O AC dela era 34, e graças a um mage armor. Se tivesses usado o teu poder nela, em vez de na Qamara, ou se alguém tivesse feito um dispel magic (com toda a complicação de regras que isso traz, e que provavelmente vamos ter que usar uma house rule), o AC dela baixava para 30, que era o AC com que alguns de vocês estavam, e ainda recentemente vimos o Sid a chegar a AC 33. Ou seja, é realista para o vosso lado, mas não é realista para o lado dela?
Quanto à Kasdeva não usar “um décimo do que tinha para fazer”, explica-me por favor o que é que eu não fiz?
Full attacks? Check.
Grapple a 40 para arrancar um gajo do grifo e esmagá-lo contra o chão? Check.
Breath weapon para 14d6 de dano? Check.
Querias spells? Uma dragão da idade dela sabes o que faz? Spells de nível 3. Ia trocar os seis ataques dela para fazer... uma fireball? Que vocês passavam, mesmo rolando um 2 ou um 3 no save? E que com o evasion, ooglie booglie, nem um dói-dói fazia.
Não usei UMA coisa da Kasdeva, e foi por esquecimento: “smite good”, que é uma habilidade que ela usa UMA VEZ para dar mais vinte de dano. Ok, my bad, esqueci-me... Lithlandis, tens mais 20 pontos de dano. Ainda estás vivo? I guess so...
Pá, não consigo sustentar ainda mais o meu ponto de vista. Se continuas a achar que foi “um combate entre o Silverwing e a Kasdeva, onde vocês foram espectadores”... não posso mudar-te a ideia. :)

3.

“Isto leva-me ao terceiro ponto do dia. "Off character" (e reforço isto), revelaste-nos que o demónio dos 13 mil anos é CR30+ e que, mais uma vez, "não é para os players".”
+
“In-character, eu não percebo absolutamente nada de demónios. A minha personagem está absolutamente convencida que os exércitos anões derrotam aqueles gajos na boa...”

A parte do CR30 já expliquei mais acima. Sobre o “não percebo absolutamente nada de demónios”: muito bem, então porque não começas a aprender? A nível UM o David pediu-me para ter especificamente knowledge dragons para ao longo da campanha ir aprendendo mais sobre dragões. Inicialmente eu pensei “ok, fica giro, mas duvido que ele alguma vez venha a usar isto”. Pergunta ao David, em 11 níveis, quantas vezes é que esta skill já lhe deu info preciosa. Mais, se nada sabes sobre demónios, que tal procurares quem saiba? Metade do que o Litlandis aprendeu sobre o Clã Morueme foi a consultar livros na biblioteca. Tudo o que Sid sabe neste momento sobre Netheril, foi aprendido em livros da biblioteca. Não pediste ao Ed para te ir buscar livros sobre demónios ao Palácio de Everlund? Presumo que seja para começares a gastar alguns pontos em “knowledge demons”. Correcto?
A tua “personagem está absolutamente convencida que os exércitos anões derrotam aqueles gajos na boa”? Por alma de quem? Eles esmagam exércitos de elfos no próprio elementos deles (a floresta), apoiados por couatls, treants colossais, dragões de prata, licantropos e o diabo-a-sete e o Jack está “absolutamente convencido que os exércitos anões derrotam aqueles gajos na boa”?
Não, não está... muito pelo contrário. E nem precisas de knowledge demons para saber isso! ;)

“Ou então esperas que ignoremos o evento e sigamos caminho para norte, para procurar mais um dragão que não vamos conseguir derrotar sem outro npc qualquer?”

That was totally uncalled for...


5.

"Se pararmos para pensar nesta nova realidade, é exactamente aquilo que o Jack queria. Ele não anda há uma data de tempo a dizer que era preciso encontrar uma força suficientemente poderosa para fazer frente aos anões? Bom... aí está ela!" ROFL! Achas que sim? Coitadinha da política dos Silver Marches, que agora é inexistente.”
+
“A política já foi, resta ver se os Silver Marches vão atrás dela.”

Bom... aqui acho que a Qamara fez um “confusion” ao Jack, e que este falhou o save! A política já foi? Espera lá... estamos a falar dos gajos que morreram na High Forest? As micro-comunidades isoladas que não comunicavam umas com as outras? Achas que há mais oportunidades políticas para o Jack num ambiente pacífico, do reino governado pelo paladino bonzinho, onde não há problemas e todos são amigos uns dos outros e aliados dos vizinhos? Ou há mais espaço para o Jack trabalhar numa sociedade varrida pelo despero, onde a política falhou, as alianças foram quebradas, a guerra espreita a cada esquina, e ninguém sabe o que fazer?
Ou sou eu que estou a ver a cena completamente ao contrário, ou a única coisa que eu tenho feito é dar matéria “politicável” para o Jack brincar...
“Resta ver se os Silver Marches não vão atrás dela” – e se forem? Qual é o problema? Porventura são algum “reino do céu intocável”? Se a qualquer momento o Olothontor achar que é hora de agir contra Everlund por esta se estar a tornar demasiado poderosa, e a ameçar os seus planos, eu vou dizer “ah, não... não vou atacar Everlund porque os jogadores gostam da cidade e têm lá amigos!”
Pá... andamos a jogar ao Pokémon? “PIKACHU! PIKACHU! GOTTA CATCH’EM ALL!”

6.

“Para concluir algo que já vai muito longo: nada está perdido. Mas é preciso, Jorge, que lhe dês com força na história que aí vem. E que acabes, de uma vez por todas, com os npcs "que não são para os players".
+
“Enquanto player, não me impõe nenhum interesse ou fascínio saber que, uma vez atrás outra, estou a fingir que consigo derrotar adversários que não me matam em uma ou duas acções PORQUE NÂO QUEREM.”
+
“garanto-te que é ainda pior para os players quando vêem que, desde o primeiro momento, não têm qualquer hipótese realista de vencer excepto se o storyteller permitir...”

Bem, isto agora põs-me a pensar numa coisa... Quando estávamos na segunda campanha, eu não estava a curti-la, e os jogadores estavam a adorar, e pediam-me por tudo para continuar, quando eu só pensava em acabar com ela. Agora, eu estou a achar esta campanha muito mais espectacular e envolvente que as anteriores, mas coloco-me a seguinte questão: “será que agora estou eu a gostar demais, e os jogadores a não gostar assim tanto?”
Se é importante o DM estar a gostar da campanha, muito maios importante será sempre os jogadores gostarem da campanha!
Não sou eu que “tenho que dar com força na história”, esse até é um trabalho mais dos jogadores do que do DM. Eu funciono apenas como “mais um elemento do tabuleiro”.


Passando para o Troll:

“A sessão foi boa, embora gostaria que as coisas tivessem sido feitas de uma outra forma, but alas such is not the way.”

Nem todas as experiências correm bem... Se tenho que me autoflagelar por algo, é por tentar inovar e “condimentar” o jogo. Só depois de experimentar algo é que podemos avaliar e dizer: “isto não presta, não se volta a repetir”.

“- cada jogador deveria de mandar um mail ao Jorge a pensar o que vai acontecer agora e o que é que a sua personagem vai fazer”

Feedaback, ALWAYS welcome. Mesmo quando é para bater no ceguinho! =P

“Perdemos todos estes Npc's porque em vez do Sid, tinhamos um broculo. Enough said.”

Também não acho que seja justo apontar baterias ao Gengibre. Ninguém nos garante que o resultado teria sido diferente. Haveria seguramente mais probabilidades na luta contra a Kasdeva, mas como ficou bem provado: no final são os dados que decidem o jogo.


Lições e Considerações – Parte 2:
Fiquei muito baralhado com estas trocas de impressões. De facto estava convencido que o resultado tinha sido muito mais do agrado geral do que realmente foi. É por isso que tanto insisto no feedback.

Em relação às questões “da campanha e do que fazer”... há dois tipos de campanha em D&D: a campanha Dragonlance, onde somos meia-dúzia de herósi montados em dragões e comandamos exércitos de paladinos contra as forças do mal, para salvarmos o mundo; e a campanha Drizzt Do’Urden, onde somos um lone ranger, acompanhado por um bicho, que vagueia por aqui e por ali, e que vai enfrentando o que lhe aparece pela frente, esporadicamente.
A campanha Dragonlance é muito mais bonita, e muito mais trabalhosa, e apesar de não o admitirem, os jogadores secretamente preferem a campanha Drizzt Do’Urden, onde se sentem mais seguros, e mais “donos do seu espaço”.

Esta é provavelmente a última campanha que jogo em Forgotten Realms. É curioso, pois pensava que a verdadeira ameaça era o “canon” e todo o background oficial dos Realms, mas ao fim deste tempo percebo que o verdadeiro problema de FR é que foi concebido para high level, como aliás a WOTC concebeu todo o sistema de 3.5. A grande maioria dos livros que foram feitos pós-Monster Manual englobam bichos de CR 20+. Eu não gosto de high level. E é impossível jogar em Forgotten Realms sem começar uma campanha a nível 18 pelo menos. Porquê? Porque há sempre uma Alustriel, ou uns Harpers, ou um Elminster a quem os jogadores recorrem ad nauseum. Por tudo e por nada “vamos aos gajos poderosos”. Apesar de ter ficado fascinado pelos Silver Marches, compreendo agora que foi um erro mover a campanha para esta localização. Provavelmente esta campanha teria sido muito mais interessante se fosse jogada “lá para trás do monte onde só há meia dúzia de vilas de pescadores”. Mas agora não há volta a dar.

Se os jogadores ficam “com um gosto amargo” quando as suas expectativas são defraudadas, muito pior fica o DM ao aperceber-se disso.
Acho que vocês estão a pecar pelo exagero – mas esta é somente a minha leitura, a qual pode estar deturpada. Não obstante, faz parte do trabalho de DM conhecer os seus jogadores, e adaptar-se às circunstâncias.

niniel disse...

Ok....penso que de todas as personagens da party a Sionna é claramente a que mais afectada com o outcome desta sessão fica.
Pelas razões mais do que óbvias gostava que a batalha tivesse sido ganha mas mesmo assim...não estou tão chateada como isso.
Vai obrigar-me a repensar na Sionna mais uma vez e terá sem dúvida alguma impacto no comportamento que ela tem para com o grupo e principalmente contra Sid.
Vamos ser realistas...o Pedro fez o que tinha a fazer in-character e não penso que a batalha foi perdida porque em vez de ter-mos o Sid tivemos um ent.
A verdade é esta:

1-o Psy rola 19
2-nós rolamos abaixo de 10 na maioria das vezes
3-O Sid batia tanto na kasdeva como nós.

Temos de ter em conta que a batalha nao foi perdida porque nao matamos o dragao mas porque tivemos azar nos dados.Achas mesmo,David,que se nao tivessemos rolado tao mal para as batalhas adjacentes o resultado não seria diferente?
Não vou entrar em debates de CR e não CR porque não percebo muito disso,prefiro deixar que o Alex recite todo o seu repertório.De qualquer das formas não acho que seja um resultado assim tão desastroso quanto isso.Até pode tornar as coisas ainda mais interessantes..perdemos uma batalha mas não perdemos a guerra.Apenas não tivemos a batalha épica que é ganha pelos "good guys".
Eu não gostei de ver npcs a morrer..não gostei de ter o outcome que tive..não gostei de não matar a barda...mas gostei de matar o dragao...gostei da sessão...gostei do que isto vai provocar tanto a nivel de historia como a nivel de grupo e atenção que fui eu que perdi 2 de wisdom.
De todos os membros do grupo..de facto é mesmo a Sionna que tem mais que muitas razões para se queixar da sessão de domingo;)

Unknown disse...

Fazia diferença fazia, porque como o Jorge disse, se tivemos morto a Kasdeva 1 round mais cedo as hostes dracónicas tinham batido em retirada. E o ent só batia nela - talvez - com criticals. O sid tinha mais ataques e batia mais facilmente, não só em criticals.

Por isso sim, fazia diferença.

Mas a vida continua!

Alex disse...

Temos que nos deixar destes testamentos :P Vou tentar ser o mais curto possível.

- Gostei da sessão, foi bem construída e bem executada, mas estou preocupado com o impacto que vai ter no futuro do roleplay.

- Não concordo com railroading, mas é importante o storyteller manter algum controlo sobre o desenrolar das coisas; portanto não queria que dissesses "os bons ganham", mas não me importava que o sistema tivesse ligeiramente viciado para o nosso lado.

-O "ir por água abaixo" está entre aspas porque não é para ser levado de forma literal. Mas custa ver os planos a morrer e os projectos a desfalecer quando os npcs vão por aí abaixo.

-Continuas a deixar passar ao lado o perigo de por npcs muito altos no rol. Primeiro, como é óbvio, a lógica e mentalidade tornar-se "vamos pedir sugestões à Alustriel". Isto é consequência do npc existir e ser tão forte, não dos players serem whiners/espertos/whatever que querias chamar.

-Responde-me sucintamente a isto: o que vais fazer se a solução que a party encontrar for ir atrás do demónio? É esse o perigo de usar npcs de nível demasiado alto.

-Acho que podias ter posto dragões sem ir buscar a Kasdeva de nível 17. Como sugeri, podias ter usado 5 generais, filhos dela, de nível ligeiramente mais baixo. Teria sido igualmente épico sem ter sido assim.

-Não concordo com "vocês nunca ficam contentes com os resultados"... estamos fartos de te elogiar e o rol que tens feito tem sido formidável como bem sabes. Mas se pedes feedback, já sabes que mentíamos e era inútil se disséssemos sempre "foi perfeito".

-A questão de "um dia os enfrentar" não se pode colocar em causa quando um deles, no momento, está a ameaçar a continuidade do rol... Diga-se, demónio. Em relação a ir à Alustriel, repito o que disse antes. Se pões um npc super-sábio e sabedor no rol, é ridículo criticares os jogadores por tentarem recorrer a ele.

-Se o Lith e a Siona tiraram metade, o npc tirou a outra metade (ou mais), porque eu e o Sid nada fizemos. E, francamente, um boss em que um ou mais jogadores nada podem fazer é mau e algo desiquilibrado. Porque o Jack é político e estava a somar +17 ao ataque a nível 11... É que nem com chulanço lá chegamos.

-A Kasdeva estava a ter muito mais sucesso enquanto estava em movimento. Não foi inteligente dela (diga-se, suicida) ter parado. E breath fizeste uma vez e foi na direcção do npc... Um daqueles matava-me com um só tiro. E nem sequer rolámos para o fear de DC sabe Deus quanto. Sem o Silverwing no local, nunca teria sido sequer possível levá-la a metade da vida.

-"Porque não começas a aprender?" A única coisa que tive tempo para fazer no rol antes da porrada começar foi pedir ao Ed para ir buscar livros... sobre o què? Demónios e magia.

-A política não surge do caos mas do equilíbrio. No caos há anarquia ou ditadura. Só em tempos de paz é que pode haver política. E não pode haver política quando os anões possuem a supremacia a todos os níveis. Os humanos não têm nem o poderio militar nem económico. Dos elfos então agora nem se fala. Economicamente, os humanos são dependentes dos bens que trocam com os elfos para os favorecer em relação aos anões. Não há troca, não há vantagem. Todos os recursos, no presente momento, estão do lado dos anões.

-Repito, estou a gostar da campanha, ninguém falou mal da campanha, e está a "fazer-te de vítima" um bocadinho...

-A minha preocupação essencial é a seguinte: baseado na informação que tenho, o Jack só vê dois outcomes possíveis. Ou deixa os Silver Marches à sua sorte e segue para outro sítio; ou então vai meter-se a lutar com o demónio, numa luta que nunca vai conseguir ganhar. Se sugiro que penses bem no que vem a seguir, é porque prevejo que se não for introduzida nova informação da tua parte, isto não vai acabar bem.

-Não posso culpar o Pedro pela sua decisão, embora obviamente considere que o Sid teria sido infitamente mais relevante que o Asteraceae. Neste aspecto, diga-se, que o Asteraceae enquanto bicho de CR8 não estava lá a fazer nada... Se tivéssemos ganho, tudo se teria resolvido. Desta forma, in-character, acho que vai sobrar para o Sid (e não para o Pedro). O seu silêncio e falta de confiança foram muito gravosos no que sucedeu.

Psygnnosed disse...

Bom, já comuniquei a todos por mail que vamos fazer um encontro para debater o estado actual da campanha, história e opções, por isso não me vou alongar muito aqui a debater esses pontos. Vou apenas responder a algumas das questões que ficarem ainda em aberto.

Mas em relação ao “vais ter que lhe dar forte na história”...
Were talking about «THE PSY»…
Enough said? ;)

- Sobre “viciar o jogo para o nosso lado”
Quando eu vi que os vossos exércitos estavam a cair demasiado depressa, fruto exclusivamente de maus resultados nos dados, eu tentei eliminar o efeito do exército branco, que permitia rolar duas vezes, para assim tentar dar alguma vantagem ao vosso lado. Qual foi a vossa resposta? “Deixa-te disso, não faças batota, joga como deve ser!”
Não podem dizer isso durante o jogo, e dois dias depois apontarem o dedo a dizer “podias ter viciado o jogo para o nosso lado”.
Não faz sentido.

- Sobre “Responde-me sucintamente a isto: o que vais fazer se a solução que a party encontrar for ir atrás do demónio? É esse o perigo de usar npcs de nível demasiado alto.”
Bem... mas eu acho que é mais do que natural a party ir atrás do demónio... Mas tem que ser agora? Há alguma razão específica para que isso tenha que ocorrer de imediato? Não faz mais sentido fugir, reagrupar, reunir informação sobre ele, e delinear um plano de ataque? Porque razão é que o demónio subitamente passou a ser “A” prioridade? Coloquemos num dos pratos da balança tudo o que o Olothontor já fez, e no outro o que o demónio... esperem, ele ainda não fez nada. :P
Espero que me tenham enquanto DM um bocadinho em melhor conta do que “pronto, e o demónio agora começou a passear pelo cenário e a explodir cidades”.
O gajo esteve aprisionado treze milénios. Não é normal que precise de algum tempo para recuperar a totalidade dos seus poderes? Não é expectável que ele se tente informar de como estão as coisas actualmente? Afinal... em treze mil anos “deve ter mudado alguma coisinha”.
A curto–prazo? Se eu fosse um demon overlord o que ia fazer era construir uma base de operações (leia-se: fortaleza), e procurar alguns aliados, construir um exército, e depois então pensar em quem me apetece bater (o que não deve ser em pouca gente!).
E se eu na próxima sessão te disser: “O Jack rolou knowledge demons e agora sabe exactamente quem é este gajo, e que ele é um CR 20.”
A party vai a correr atacá-lo? Só haveria duas razões para isso: birra ou vontade de acabar a campanha. Não me parece que qualquer uma das hipóteses seja provável neste grupo.

- Sobre “Kasdeva-Oryax”
Volto à questão de base: a Kasdeva tinha AC 30, que subiu a 34 com o mage armor.
Havia possibilidade de vocês lhe retirarem o efeito do spell (tanto o Jack como a Sionna podiam fazer isso). Se o Jack estava a bater a 17, e é supostamente o membro mais fraco do grupo, isso significa que bastava rolar 13 para acertar em AC 30.
Outra coisa que é preciso ver, é que nem sempre para se derrotar um adversário a melhor estratégia é o “faço full round a 4 ataques”.
Sabes qual era a touch AC da Kasdeva? Oito... Se a Sionna tivesse invocado um arrow hawk com o (summoning 5), como chegou a ser considerado, o bicho tem uma habilidade que lhe permite fazer um touch attack para dar 2d8 de electrical damage (a atacar a +12, contra AC 8, eram 2d8 extra todos os turnos, e podiam ser invocados 2 ou 3 destes bichos). A Kasdeva não tem qualquer resistência a electrical damage, e não se tratando de um “spell per se”, não entrava sequer em conta com a spell resistance.
Mais, a Sionna, a nível 11, já consegue fazer summoning de nível 6. Um dos bichos que ela pode invocar é um Huge Air Elemental (que por acaso tem fly perfect). O air elemental bate a 19. Além disso, tem a habilidade “whirlwind” que lhe permitia arrancar a Qamara de cima da Kasdeva e dar-lhe dano extra.
Moral da história: TODA a party conseguia bater na Kasdeva, e havia opções extra que não foram exploradas.
A questão do Silverwing “resolver o combate” também é, do meu ponto de vista, uma questão semi-falsa. Se é aceitável da vossa parte fazerem summoning a bichos para vos ajudar nos combates, a única diferença que vejo é que “um bate mais do que o outro”. Mas se é esse o problema, então o tigre da Sionna e o lobo do Lithalndis também batem mais e fazem mais dano do que o Jack, por exemplo...
Bem sei que o Silverwing é “uma questão de escala”, mas vendo as coisas à lupa, é rigorosamente o mesmo do que “chamar três hipogrifos”.
Por último, sobre o “fear effect”, o DC era 24, o que significa que metade de vocês passava em pelo menos 50% dos casos, mas se vocês falhassem todos havia a situação parva de “ok, tá tudo a fugir do dragão e não podem fazer nada”. Aqui, optei por fazer um bocadinho de batota e assumir que com os buffs que vocês estavam, e com alguma confiança extra por terem um silver dragon do vosso lado, podíamos neutralizar esse efeito.
Resumindo: sempre que eu preparo encontros para o grupo, faço-os de forma a estarem ao alcance do grupo. Simplesmente, como acho que é normal e salutar, há uns mais puxados do que outros. Se vocês fossem enfrentar a Kasdeva a nível 16, não era sequer um desafio para o grupo...

Não há necessidade para ficarem alarmados e com medo do futuro do role. Aliás, de um ponto de vista meramente psicológico, até é muito bom que isto esteja a acontecer: a reacção normal dos seres humanos (apesar de vocês serem um bando de ogres) é reagir imediatamente em defesa, e por excesso, quando sentem que algo de que gostam está ameaçado. Isso prova que o role e a campanha é algo de que vocês gostam muito, e que têm medo que se escangalhe. E isso não cai acontecer.
Pelo menos nos próximos 116 dias da campanha... ;)