quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

"Lithlandis Stormcrow"


“Eu vou trocar de personagem.”
“Não, não vais!”
“Man... claro que vou, não tou a curtir a personagem...”
“Cala-te! Não sejas parvo! Já te disse que não vais trocar de personagem!”
“Epá... I find him... lacking!
“Eu sou o DM e digo-te que não vais trocar de personagem! Agora cala a boca!”

Os primeiros momentos de Lithlandis Stormcrow foram vividos mais ou menos desta forma. O Troll tem a mania de querer jogar 7 personagens ao mesmo tempo, para depois chegar ao fim com a conclusão de que não gosta de nenhuma. Foi quase preciso ser um DM autoritário para evitar que o Lithlandis fosse descartado, após o qual se teriam seguido provavelmente nove personagens diferentes até ao momento. Felizmente, do alto do seu “carisma-sub-goblin”, o licantropo mais famoso do Norte acabou por resistir às intempéries do seu jogador (vulgo Troll). Em média, a cada duas sessões que passam fica “a dois ou três pontos de morrer”, e chegou mesmo a percorrer “aquele túnel em direcção à luz” durante uma vez, mas pela graça de Corellon foi ressuscitado.

Lithlandis é uma personagem trágica e atormentada. Lithlandis é uma personagem que o DM gosta de atormentar. Esta é a razão pela qual ele é tão importante. Acidentalmente, toda a génese do enredo central da campanha foi despoletada pelo Lithlandis. Na primeira sessão, o Troll ainda não sabia qual o favored enemy que ia escolher. Então, sempre disposto a ajudar os jogadores, eu dei-lhe uma ajudinha! E assim nasceu o ódio duradouro entre um elfo selvagem e um dragão azul.
Eu nem tinha grandes planos para o dragão azul quando pensei na sequência de abertura. Aliás, devo dizer que esta sequência tinha sido pensada uns 4 ou 5 anos antes, mas como na altura não foi possível estabelecer um grupo de role-play, ficou perdida no tempo, rabiscada algures num bloco de notas. Em boa hora me lembrei de a recuperar em Janeiro de 2007.
Voltemos à personagem trágica: caçar um blue wyrm, lawful evil, não pode ser algo como pegar numa espada e partir à aventura. O caminho tem que ser difícil, penoso, tortuoso. É por isso que me dá tanto prazer levar o Lithlandis ao extremo. Massacrá-lo, fazê-lo sentir o sabor da derrota, da tristeza, do desespero absoluto. Obrigá-lo a ser como uma Fénix. Matá-lo vezes sem conta, para o obrigar a renascer das cinzas, regenerado, mais cínico, mais frio.

Barbarian1/Ranger 9 /Dragonstalker1

STR 15 (19 com belt of giant’s strength)
DEX 18 (20 com gloves of dexterity)
CON 12
INT 12
WIS 14
CHA 7

HP 84

AC: 24 (10+5 armor bonus +5 dex modifier +1 Two weapon Defense +2 natural armor +1 Ring of Protection)

Saves: Fort9/Reflex15/Will9

Attack:
Melee: Longswordx2 1d8+6 Shortswordx2 1d6+2d4+3
Ranged: Longbowx2 1d8+1

Dodge; Snow tiger charge; Two Weapon Defense; Blind fighting; Aura of Courage; Hunting Bonus;

Animal Companion: Fang (Dire Wolf)
[Str26, Dex16, Con17, Int2, Wis12, Cha10; HP:66; AC: 17; Damage: Bite 1d8+11]

MAETHORIR - Longsword +2 of Dragonbane & Shortsword +2
Mithral Chainshirt +1
Belt of Giant’s Strength +4
Cloak of Resistance +2
The Ring of Berronar Truesilver
Ring of Protection +1
The Healing Amulet of Amophis
Longbow +1
Draco Divinus Libris Regius.

Chegue Lithlandis ao nível que chegar, nada será alguma vez tão famoso como os seus incontornáveis SETE de carisma! Já perdi a conta às vezes que foram feitas referências ao “exemplar carisma do elfo”. Ter um carisma que rivaliza com um goblin não é para qualquer um. Eu por vezes gostava que o Troll fosse mais fiel a este carisma. Se eu tivesse a apontar-lhe uma falha enquanto jogador, seria essa. Quando o Lithlandis transparece o seu baixíssimo carisma, o resultado é bonito. O que é menos bonito é quando é “conveniente” o Lithlandis esquecer essa lacuna na personagem, e subitamente começa a falar com uma voz muito calma, honrada e respeitosa como se fosse um paladino. Entendo que seja tentador para um jogador querer “bajular” alguma personagem importante, e tratar o grande clérigo, ou o grande paladino, com toda a reverência, mas isso é algo que uma personagem com carisma sete nunca faria. Não digo que ele se virasse para o Conselheiro da Cidade e lhe dissesse: “Sai da frente, minha besta!”; mas também me parece desenquadrado, por vezes, o tratamento excepcionalmente “flamboyant” que o Lithlandis assume face a “pessoal mais reverenciado”. Fica-me sempre um bocadinho atravessado na garganta ouvir algo como: “Sou um mero e humilde servidor de Corellon/da causa élfica/etc.”. Eeek! Ele é um elfo *selvagem*, que começou por ser um bárbaro, e que decidiu continuar como alguém que “não gosta da civilização dos homens”. Não quero com isto dizer que estou a apontar o dedo e a dizer: “Estás a fazer a coisa mal!”. Nada disso. Cada pessoa é que sabe como pretende interpretar a sua personagem. Mas para mim, causa-me sempre um sentimento grande de estranheza quando vejo o Lithlandis em modo “falinhas mansas/coração de manteiga”.
I feel like slapping him with a trout, or with a blue wyrmling, for what it’s worth”...

Algo que me parece que tem funcionado de forma extraordinária no grupo é o facto de o Lithlandis e o Sidgahrd serem tão opostos. As visões deles são quase sempre a antítese uma da outra. Eles não gostam um do outro, mas respeitam a “máquina de guerra” que formam quando lutam lado-a-lado.

Passados dez níveis, eu achava que começava a fazer falta uma nova motivação para a personagem. Simplesmente “querer vingar a morte da irmã” já não me parecia suficiente. Era preciso fazê-lo odiar ainda mais o Olothontor e os seus aliados. Tê-lo apanhado nas mãos do inimigo foi uma oportunidade de ouro. Deixá-lo à mercê de Qamara foi precioso. Torturá-lo... Fazê-lo sangrar. Obrigá-lo a bater tão desesperadamente no fundo como o David nunca esperou.

Uma parte genialmente única na personalidade da personagem é a frustração constante em que vive – uma vez mais, acidentalmente –no que toca a relacionamentos e ideologias. Tudo o que ele faz com a melhor das intenções, acaba por resultar em desgraça. Seja o falhar no control shape a meio de uma batalha; aliar-se ao exército que o coloca no lado oposto ao homem que o treinou; tentar proteger a companheira drow da xenofobia, apenas para ser olhado com desdém por esta; tentar aproximar-se da sua raça nas alturas mais erradas possíveis – e através das personagens mais erradas!; oferecer o medalhão de Corellon à pobre criança élfica, que sem ele saber tem descendência de demónios; tentar ajudar à sobrevivência de uma nação élfica, e com isso transformá-la numa geração de licantropos selvagens – e por fim, *spoiler alert*, mesmo “out of character”, quando tenta dar uma hipótese de sobrevivência aos exilados elfos, acaba por os enviar ao encontro da morte certa, sem ter a mais pequena ideia disso!
Nem Shakespeare conseguiu moldar uma personagem tão trágica como o pobre Lithlandis.

Mas chega de falar bem da personagem! Vejamos os impropérios que os restantes colegas lhe dedicam:

“Lithlandis é brusco, facilmente irritável e efusivo, passando mesmo por louco às vezes... Sinto que tenho de o proteger para que não tenha o mesmo fim que a sua irmã...” – Sionna Laae

"Conflituoso, barulhento e resmungão, mas a melhor companhia possível em situação de batalha. Quando aprender a controlar a sua irascibilidade, será um adversário ainda mais temível." – Jack

“Depois das várias batalhas ao seu lado, não me espantaria nada que no futuro, Lithlandis, passasse a ser uma palavra ou uma expressão, cujo significado estaria entre as linhas de caça e morte de um dragão.” – Sidgahrd

“Se eu fosse Chaotic Evil, esta seria de longe a personagem que mais prazer me daria atormentar... Bom, eu não sou Chaotic Evil, mas continua-me a dar um prazer imenso atormentá-lo!!!!!!” – O Fantabulástico Psy


O ponto mais forte do David como jogador de D&D passa pelas ideias extraordinárias que ele tem para a história. É um facto consagrado. Ele gosta muito de pensar a história, as relações, os sentimentos, e tornar a experiência da personagem em algo altamente “real”. A ideia de cegá-lo foi minha. A ideia de lhe colocar um olho mágico foi dele. Ter caído nas garras da Qamara foi o melhor que poderia ter acontecido à personagem. Ganhou um fôlego considerável. Já o consigo visualizar, daqui a muitos séculos, um general élfico, amargurado, pouco dado a conversas, a enfrentar a morte olhos-nos-olhos, em busca da única coisa que lhe dará razão de existir: uma morte no campo de batalha.
Neste momento, surge finalmente o verdadeiro Lithlandis. Já lutou incontáveis batalhas. Já sentiu incontáveis derrotas. Já comeu o pão que o Psy—uups, o diabo amassou. Já bateu no fundo...
E agora...?

It’s payback time...

9 comentários:

Alex disse...

Go Lithlandis!

Duas novas informações aqui tou a ver :P

Primeiro, agora tens um olho mágico? Sweet :) Evil eye jinx!

Segundo, mandaste os elfos para a morte? :P A cidade de prata vai dar merda é?

Unknown disse...

Eu disse que tinha feito um pacto com o demonio, e aguarda! Vais querer que o Jack fique sem um olho também!

*Flashes sunglasses*

E sim, sei que nem sempre faço o RP que 7 de charisma "merecem" mas ás vezes gosto de vêr o Lithlandis a fazer qualquer coisa de util sem ser esquartejar pessoal.

E pelo que parece sim... acording to he who controls the world é mais uma nodoa no LONGO curriculo dele... live and learn.. and regret!

Psygnnosed disse...

By the Heavens!!! O Troll fez um post no blog! Run for yer lives! The World's about ta end!!!

[David] Vais querer que o Jack fique sem um olho também!

Não me dêem mais ideias... vá lá! >:]
Provocar o DM é bad for business...

[David] acording to he who controls the world é mais uma nodoa no LONGO curriculo dele

Hey!!! Eu só dou informação! Que culpa tenho eu que vocês decidam ir até ao vulcão quando este está prestes a entrar em erupção?
0=)

Unknown disse...

Morre Jorge... morre.

Alex disse...

Vá lá, depois de Lanta'aelen estar descrito e tudo, temos que lá fazer uma visita antes daquilo ir para o galheto... Espero é que seja nas melhores circunstâncias.

Agora, quando é que isso vai acontecer ainda vamos ver... Depende do que Khundrukar ainda nos tiver para oferecer :)

Psygnnosed disse...

Tchép!

Eu nunca disse que Lanta'aelen ia para o galheiro! Eu só disse "mandar os elfos ao encontro da morte certa".
A cena do "vulcão a explodir" era uma simples metáfora!
Se lerem com atenção o Epílogo da última Crónica (Sessão IX) têm lá um pequeno - como diria o Shang Tsung - "a taste of things to come..."

>:)

Alex disse...

Ainda não tinha ido ler a última crónica... Portal?!?!? PORTAL!?!?!?!

We're so doomed...

PS: Se a tua ideia é pores a Kasdeva'Oryax a arrebentar com o resto dos elfos, é bateres mais no ceguinho... O desiquilíbrio de forças nas Silver Marches vai ficar ainda pior...

Psygnnosed disse...

MWAHAHAHAHAHHAHAHAA!!!!

E sabes o que é o melhor de tudo isto? É que desta vez nem me podem atirar as culpas para cima! Foram VOCÊS que mandaram os elfos para a floresta! Eu nem tive voto na matéria!

MWHAHAHAAHAHAHAHHA!!!

The sweet sound of chaotic evilness.... >>>:]]]

1. É culpa do Lithlandis que uma nação élfica inteira fique contagiada com licantropia?

CHECK!

2. É culpa do Lithlandis que os elfos tenham sido enviados "numa bandeja" para as garras da Kasdeva?

CHECK!

3. É culpa do Lithlandis que um demónio e um weretiger tenham sido enviados para Scornubel, para um moinho cheio de criancinhas órfãs?

CHECK!

4. É verdade que em nenhum dos casos o DM teve algo a ver com isso?

CHECK!

Alex disse...

Isso é subjectivo ó Psy...

O David é culpado por formar uma nova raça de elfos licantropos que agora todos juntos se podem tornar uma ameaça que pode fazer tremer os anões?

Verdade.

O David é culpado por este novo império élfico licantropo não conseguir correr com a Kasdeva'Oryax e comparsas? Nope. É culpado por elfos (que já são grandes trackers) com sangue licantropo (zomg, tracker powa), não "repararem" que um portal mágico (e são uma raça sensível à magia também...) está a cuspir dragões e não se dão ao trabalho de esconder/fugir/avisar aliados? Nope.