quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

"Mithral Hall: A Visão"


Há uns tempos o Gengibre virou-se para mim e perguntou: “Olha lá... como é que é Mithral Hall? Aquilo tem algum mercado para comprar cenas, ou é apenas um buraco numa montanha com um bando de dwarves marados a correr de um lado para o outro?”

A pergunta tinha razão de ser, e eu próprio já andava a matutar nela há uns tempos. Muitos dos locais de Forgotten Realms estão descritos até à exaustão nos incontáveis suplementos que foram saindo para o setting ao longo dos anos. Mas tal não era o caso de Mithral Hall. No setting, vem apenas um ou dois parágrafos onde consta que a cidade caiu há uns anos nas mãos de um shadow dragon, e que um tipo chamado Bruennor Battlehammer a tinha reconquistado, tornando-se rei. Mas isto eu já sabia, de ter lido os livros do Drizzt.
O suplemento “Silver Marches” pouco melhor era. Mithral Hall tem direito a «uma» página, onde metade dela é uma interminável, perfeitamente ridícula, e inútil lista onde consta a quantidade de quantidade de Warriors de nível 1 que existem, a quantidade de Warriors de nível 2 que existem, a quantidade de Warriors de nível 3...
E depois passa para a quantidade de clérigos de nível 1, (...).
Enfim...
Felizmente, isto calhou que nem ginjas. Eu tinha uma ideia muito precisa do que queria para o “meu” Mithral Hall. Isto não era apenas “mais uma fortaleza de anões, com umas quantas minas por baixo”. Nada disso, eu queria que Mithral Hall fosse grandioso. O maior reduto de anões de todo o Faerûn. O simples nome teria que evocar um poder e uma magnitude como nunca se havia concebido.
O único vestígio que “poluía” o meu Mithral Hall era, nem mais, o rei. A personagem do Bruennor até é interessante nos livros do Drizzt, mas é apenas mais um anão igual a todos os outros. Um fighter, refilão, com um machado grande. Igual ao Gimli do LOTR; igual ao Flint de Dragonlance...
O mal de haver material “oficial” reside no facto de quem o conhece correr o risco de sentir que “não é assim que está nos livros”, ou “ele nunca faria algo assim”. Desta forma, e para cimentar o impacte que a história da campanha necessitava, havia que matar o rei Bruennor e substituí-lo por alguém “não oficial”. Alguém que montava uma ursa-gigante, carregava garrafas de rum e berrava em todas as direcções a quantidade interminável de títulos que tinha. Estava longe do “standard” anão, fighter, lawful good, com ar rezinga. Khankrauser Wyvernrage era o seu nome. Um barbarian/ranger Chaotic Good – algo raro entre anões – com momentos de histeria pura para defender “os seus”.
E quem eram os seus? Não havia imagens de Mithral Hall. Não havia mapas de Mithral Hall. O Psy estava feliz! Podia desenvolver o seu “grande reino omnipotente dos seus bem-amados anões” bloco-a-bloco.
E assim, aos poucos surgiu o primeiro nível, “As Portas da Montanha”, guardadas por uma fileira de golems mágicos feitos de mithril, ao qual se seguiu o nível das forjas, onde existe uma vasta linha férrea com locomotivas, fruto da engenharia dos anões. Descendo para as profundezas da montanha passamos pela fortaleza que vigia os túneis de acesso ao underdark, onde existe um elevador mecânico que nos faz chegar à “zona nobre”, onde residem os templos e os clérigos – o verdadeiro firepower dos anões. Até que por fim, uma longa escadaria nos leva ao “Salão Real”, onde achei por bem colocar um trono por patamares, para enaltecer bem a natureza da sociedade dos anões. Entendi aproveitar aquela que é (no meu entender) a melhor personagem da saga do Drizzt: o gnomo cujas mãos os drows cortaram, e associar a ele e aos seus seguidores a criação da pólvora.
Qual era o toque que faltava? Colocar nas mãos dos anões a criação de armas de fogo.

Quando os jogadores saíram de Mithral Hall, o efeito que eu pretendia tinha excedido as expectativas. O “peso” daquela cidade sentia-se no diálogo dos jogadores. É certo que os humanos e os elfos possuem diversos magos de nível muito alto. Mas até que ponto é que essa magia pode fazer frente a um exército de anões munidos com pólvora, golems mágicos, armas de fogo, runecasters e o poder divino do panteão anão?

“I’d put me money and me rum on the dwarves...”

1 comentário:

Sid disse...

Nao sei como os que leram drizzt imaginaram Mithral Hall, mas eu (que nao li) fiquei satizfeito, so foi pena termos passado tao depressa pela fortaleza que nem deu tempo para ver as "Brewery" deles, felizmente o tempo nao foi tao escasso ao ponto de nem conseguirmos provar o seu produto, e o Jack que o diga =P

Gostei da ideia de golems de Mithril, sempre pensei que golems eram de arcane spell casters, esquecendome completamente que clerigos tambem poderiam fazer algo semelhante.

Conclusao:
Agora que tenho a minha pistola! posso andar aos tiros no ppl de Faerun, e o melhor é que...ELES NEM VAO SABER O QUE LHES ACONTECEU!!!!!POWWWWWAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!

I quote:
I'd first drink the rum, then i would put me money on the dwarfs.
That way i could drink all theyr rum too... ;)