quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

"Jack: Cidadão-Honorário dos Silver Marches"


“O Alex quer o quê? Jogar connosco?”
...
“Err... tá bem, por mim na boa... mas duvido que ele venha a mais do que três ou quatro sessões. Tá sempre a jogar com o pessoal do IST, por isso não acredito que ele se venha a juntar ao nosso grupo...”


O Alex era o gajo que já tinha jogado todos os RPG possíveis e imaginários, e já tinha feito todas as personagens de D&D que havia para fazer... Se eu tivesse que fazer uma aposta: “De certeza que ao fim de três sessões ele desaparece...”
Mais: quando ele se juntou ao grupo e disse que a personagem se chamaria “apenas Jack”, eu pensei: “Pff... e isso é nome para se dar a uma personagem num role-play de D&D? Bah, só prova que eu tenho razão... Nem leva isto minimamente a sério...”

Ah, como é bom estar enganado!

Consta que o gajo até gostou. Mesmo com dezenas de horas de role, e dúzias de sistemas experimentados, parece que “apenas Jack” encontrou algo “fresco” neste grupo. E aquela personagem em que eu apostei as minhas gold pieces em como não aparecia em mais de três sessões, ao fim de pouco tempo já era a “leading voice” do grupo. Sim, alguém tem que ser a locomotiva da party, e o Alex agarrou esse papel com a sua extraordinária inteligência de role-play.

“Bons dias, nobre senhor...” – geralmente começa assim, acompanhado de uma profunda vénia com todo o galanteio do chapéu ostentando a enorme pena exuberante. Geralmente acaba com o “nobre senhor” a revelar mais do que pretendia, e com menos moedas na bolsa do que o esperado...

A coisa que eu acho mais estimulante no Alex enquanto jogador é a sua capacidade para desafiar continuamente o DM a nível conceptual e narrativo. É difícil haver um jogador mais proactivo que ele. Quando eu penso que tive uma ideia fixe para “atirar” ao Jack, o Alex pega nela, dá-lhe a volta e molda-a exactamente à medida da personagem. De todas as pessoas com quem já joguei, ele é certamente aquele a quem menos se aplica o conceito de “railroading”, porque é mesmo difícil prever como ele vai reagir às situações. Mesmo àquelas em que o DM pensa: “Isto é bom demais para ele recusar.”, ele acaba por virar as costas se não se enquadrar e-x-a-c-t-a-m-e-n-t-e nos planos que ele tem para a personagem.

“O Mito do Chapéu do Jack”
O que é que nos fascina tanto nos RPG? A capacidade de elaborar uma história coesa, a partir de situações de improviso que com o tempo acabam por resultar em “cartões de visita”. Foi assim que aos poucos se foi criando “o mito do chapéu”. A principal faceta do Jack era a sua obsessão com o chapéu... Nem mais, a todas as oportunidades que me surgiam o chapéu tinha que ir parar ao chão, cair na lama, ser arrastado pelo rio, e todas as tropelias que fossem possíveis. Se não fosse esta minha maliciosa insistência em atormentar o pobre chapéu, certamente este nunca teria sido alvo de tanta atenção, como a famosa história do “chapéu amaldiçoado” e do Conselheiro halfling, nem teria levado com um encantamento que o mantivesse permanentemente limpo e impecável, tornando-se assim num chapéu mágico e único!

Um facto curioso: Jack é um rogue de nível 10 que durante toda a sua carreira fez apenas pick pocket uma vez. E como manda “a Lei de Murphy”, a coisa correu mal... Serviu de lição!

E quem é concretamente este “político mais mordaz dos Silver Marches” nos dias que correm?


Rogue 6 / Swashbuckler 4

STR 12
DEX 18 (20 gloves of dexterity +2)
CON 14
INT 16
WIS 11
CHA 14 (16 cloak of charisma +2)

HP: 69
AC: 21
Saves: Fort8/Ref12/W3
Attack: Melee +14/+13/+9 (dagger +1 cold; dagger +2 lifestealing)

Sneak Attack: +5d6

Leadership (feat): Patrono do “Jack’s Emporium” em Everlund

Bluff +18; Diplomacy +22; Sense Motive +15

Hand of the Mage
Ring of True Strike
Murlynd's Spoon
“Jack’s Impressive Hat” – Ostenta uma exuberante pena roxa, e está encantado para garantir que nunca se amarrota, nunca se suja e que se mantém sempre impecável.


Tem sido muito interessante observar a construção deste rogue, que consegue ser bastante mais que um mero rogue. A falta de “regras políticas decentes” em D&D tem-nos levado a dar algumas voltas ao miolo e a pensar em formas interessantes de desenvolver esta faceta da personagem. O Emporium é um desses exemplos.
Confesso que tem um certo “gostinho especial” ouvir o Alex dizer, no final da segunda campanha: “Tiro-te o meu chapéu. Nunca gostei tanto de jogar um role como este.”

Enquanto jogador, o Alex é caso único no que toca a nomes de NPC. Pedir ao Alex que se lembre do nome de qualquer NPC com quem tenha interagido, é pedir por um “auto fumble”. Ao ponto de, quando eu estava a trabalhar com ele na criação do Emporium, ter decidido criar o “fiel amigo” chamado ED (abreviatura de Edwin). São duas letras: E+D. Escolhi o nome propositadamente pelo cómico de o Alex não conseguir lembrar seja que nome for. Uma sessão depois, ele vira-se para mim e pergunta: “Como é que se chama o meu empregado?”
Como diria Lord Vader: “It is pointless to resist...”

E quanto ao seu nome? O que dirão PC e NPC de aquele que é “apenas Jack”?

“O que é um cavalheiro para além de um lobo paciente?” – Sidgahrd

“Jack? Sempre o achei curioso... nenhum humano aceita tão facilmente uma drow...
Embora seja um pouco... excêntrico é um bom companheiro, daqueles que se gosta de ter por perto. Mesmo sendo humano...” – Sionna

“Um gatuno mascarado de nobre virado empresário... mas tem bom coração.” – Lithlandis


Jack é um político ardiloso que não se contenta em controlar meia-dúzia de lacaios. O seu objectivo é sentir nas suas mãos o poder incomensurável que uma pessoa sozinha pode ter de influenciar a vida de uma sociedade inteira. Parte desse objectivo foi recentemente alcançado, ao ser nomeado “Cidadão-Honorário dos Silver Marches” pela Dama Alustriel.
Estará Jack genuinamente interessado em garantir um futuro de paz e prosperidade para uma nação, ou será que por trás do sorriso enternecedor se esconde um manipulador que quer apenas “o poder, pelo poder”? Viverá ele tempo suficiente para alcançar os seus desígnios, ou teremos aqui um JFK à moda de Faerûn, que será assassinado pelos “misteriosos poderes que se movem nas sombras”?

“Q.M.” parece levar vantagem na corrida...

1 comentário:

Alex disse...

"QM" NAO LEVA VANTAGEM NENHUMA! BITCH!

Quando eu apanhar essa gaja a jeito vais ver!

Da próxima vez em vez de lhe chamares E+D faz uma gaja e chama-lhe Ana :)
É mais provável que eu não me esqueça :P
E mesmo assim...