terça-feira, 1 de abril de 2008

"Definições na Campanha-Mãe"

Ora então, vamos mas é lá começar a dar uso a este blog...
Como sabem, eu sou um tipo altamente inconstante (fruto da minha natureza caótica) e estou na grande maioria do tempo a pensar em 30 caminhos diferentes. Muitos sabem que eu já estive para acabar com a campanha de Silverymoon pelo menos umas 57 vezes, mas decidi sempre não o fazer.
Essencialmente isto deve-se a dois ou três factos (para além da minha natureza caótica):
1º Devo dizer que não estou a gostar tanto de Forgotten como esperava, e o facto de haver um excesso de informação, e que para mais é usada muitas vezes pelo grupo “out of character”, não ajuda nada a ter uma coisa diferente e personalizada.
2º Quanto mais me dedico ao role-play, mais vontade tenho de avançar para um setting criado por nós (NÓS, e não “eu”), e o que tenho lido recentemente a respeito do novo produto da Paizo (“Pathfinder”: http://paizo.com/store/paizo/pathfinder/adventurePath), deixa-me muito aliciado, pois é exactamente este tipo de desenvolvimento de conceito que eu gostaria de trabalhar.
3º Cometi dois erros enquanto DM: o primeiro foi pensar numa campanha integrada de nível 5 a nível 20, o que fez dispersar, e muito, a história e o enfoque das personagens (apesar de a malta dizer mal do “railroad”, no fundo faz falta em certas alturas), e o segundo foi ter desenvolvido coisas muito personalizadas com base em cada personagem, o que tem levado a devaneios e por vezes conflitos de interesse entre jogadores/personagens.

Posta esta introdução toda para trás, eu gostaria de pedir a vossa ajuda para darmos algum ânimo à campanha. Nomeadamente, gostaria de reduzir o sistema em que vocês se limitam a reagir ao que ao vos coloco à frente, e trabalhar um conceito onde há mais envolvimento por parte dos jogadores. Pessoalmente estou disposto a abdicar um pouco do meu “controlo” enquanto DM para ver a campanha evoluir de forma mais participada. Porque sinceramente, dá-me a sensação que até este momento as coisas têm corrido um bocado na onda do “Ok, passou mais uma sessão. Foi buéda fixe, a malta curtiu bué a história, mas agora não vamos pensar mais nisto até daqui a duas semanas quando vier a próxima sessão.”
Não sei se estou a conseguir fazer passar a mensagem. Eu próprio estou-me a sentir um bocado incoerente no discurso. Mas pedia-vos para perderem uns minutos a verem o conceito do tal “Pathfinder” e a olharem sobretudo para os “Adventure Path”, as revistas que a Paizo lançou em alternativa às extintas Dragon e Dungeon. Pessoalmente atraiu-me muito aquele conceito, e gostava de pedir a vossa ajuda para pensarmos na(s) nossa(s) campanha(s) naqueles termos.

7 comentários:

Nevrast disse...

dude tive a tentar ler uma beca do site da paizo e tal...pá não vi lá nada de diferente em comparação com os produtos k já temos sob a forma de aventuras. Se calhar não estou a ler no sitio certo...mas que akilo não me parece novo...para ale´m de quererem k se subscreva um produto durante algum tempo...

indica ai à malta onde está a inovação no produto dos senhores ;)

Alex disse...

Para não variar, continuas a menosprezar-te. Se o pessoal já te elogiou vezes sem conta, se ninguém está a criticar absolutamente nada, se já dissemos pontapés de vezes que gostamos da forma como fazes storytelling, porque é que continuas a massacrar-te com erros fantasiados??? Que queres mais? Uma estátua??? :P Eu acho que o rol está a ir muito bem como está e embora esteja sempre disposto a tentar coisas novas, acho que estar sempre a tentar coisas novas também não facilita a criar comodidade com a forma como tem sido até agora... Conheces a expressão "demasiado de uma coisa boa"?
Quanto ao site, concordo com o Nev, não vi lá nada que possa parecer extraordinário... e se, como creio, o que te referes é ao tema antigo do rol "comunitário" em que toda a gente faz uma parte, eu continuo a achar que isso não é possível fora do meta-storytelling.. É bonito enquanto conceito, mas fica-se por aí. Existe uma razão pela qual o método de 1 storyteller <-> grupo de players se ter mantido por 30+ anos... Mais uma vez, nem tudo o que é bom é realmente bom...

PS: Não comeces muitos tópicos separados, se não o formato natural do blog é que os nossos comentários fiquem todos espalhados pelos diversos tópicos e qualquer tentativa de uma discussao coesa desaparece...

Alex disse...

Grumble... Não dá para editar comentários por isso faco-lhe uma adenda. Não percebo a questão do animo, Psy... Tens sido incansável em construir o rol, tens todos os nossos parabéns, temos apreciado imenso a história, mesmo quando tu passas a semana seguinte na auto-punição porque não foi "perfeito"... Já noutras ocasiões te tinha dito que um rol "perfeito" também envolve o inesperado e isso não pode ser nem controlado nem sempre alcançado. Agora, também tens que tentar levar isto com calma... Por vezes sinto que tu vives e respiras para isto e tornas o roleplay a cruz que carregas às costas e a coroa de espinhos que levas na cabeça... Parte do tal roleplay "perfeito" também envolve o storyteller divertir-se e isso por vezes também envolve sessões feitas à pressão e momentos de gozo de duração indeterminada... Já não é a primeira vez que estamos num momento muito envolvente de rol numa coisa tão simples como falar de treta no inn e tu começas a fazer pressão para que "o rol continue"... Noutros momentos tivemos uma sessão super divertida e tu sais de lá algo taciturno porque "não foi tão bom como devia ser" ou "houve muitos momentos de distracção"... Antes de ser teu player sou teu amigo e se nos encontramos todos entre amigos e a sessão acaba e tu não te divertiste, então é melhor juntarmo-nos apenas para beber um copo e conversar um pouco. E isto tudo vem um pouco à laia de desabafo em relação ao teu comentário de "mas agora não vamos pensar mais nisto até daqui a duas semanas quando vier a próxima sessão". Mas não é suposto ser assim? Se tentas em todas as sessões que saiamos dali agarrados às cadeiras em ansiedade durante 2 semanas para a próxima sessão, em todas as sessões, não só sais desapontado como crias em nós um sentimento de "exigência/perfeição" que só vai inibir o que tanto procuras... Que isso aconteça de vez em quando (e já aconteceu, contigo como st) já é extraordinário e mereces todos os parabéns!
E como sempre quando começo a escrever nunca mais paro, mas tudo isto para chegar à questão do pathfinder. Acho que isto vem em continuidade a um esforço que já tens vindo a desenvolver até agora de criar o tal meta-roleplay em que todos os players são também storytellers... Lembras-te daquele jogo que fazíamos quando éramos miúdos em que cada pessoa escreve uma frase, dobra a folha e deixa apenas a última palavra para o próximo completar? Qual é que era o resultado? Uma história sem nexo. A razão pela qual existe um storyteller é para que possa haver uma história coerente com uma sensação de continuidade. E se eu vier, quando chegar a nível 20, a resolver dilemas que encontrei quando era nível 5, isso não é disperso, é maravilhoso. É sinal de uma história que teve continuidade e complexidade. Não acredito que seja possível uma história em que todos participam, porque nunca vamos estar todos de acordo nem vais conseguir fazer algo que agrade a todos ao mesmo tempo. Não é possível e ainda bem que não, é sinal que todos temos uma opinião própria... Já para não dizer que esse estilo de roleplay quebra todo e qualquer sentido de surpresa ou novidade... Já agora nos vemos a dizer "esse gajo do conselho foi o que eu fiz ou o que tu fizeste? Era o rogue comerciante ou o gajo agressivo?" E foi apenas uma pequena amostra do rol "comunitário"!
O tal "railroading" do qual eu também não gosto muito só é necessário quando o pessoal tem pressa para chegar a algum lado... "The show must go on"... No dia em que conseguirmos fazer uma sessão de 4 horas de roleplay sentados numa mesa do inn a beber copos sem que tu tenhas que abrir a boca excepto para caracterizar alguma coisa que possamos querer saber ou sem que tenhas que introduzir uma única personagem excepto aquelas com que nós formos meter conversa, acho que tivemos uma sessão fantástica se o pessoal o tiver feito com gosto e se tiver divertido.
Enfim, e agora já escrevei de demais e vou-me calar. :P

Psygnnosed disse...

Ora bem, vamos lá por partes...

Eu não me "auto-flagelo" quando penso que as coisas não correram tão bem como poderiam ter corrido, não obstante, vocês sabem que eu tenho uma mentalidade "obssessiva-compulsiva", e quem me conheceu em L5R e sabe o nível de imersão em que eu me colocava, podem facilmente imaginar como não é em relação a D&D, que é algo que eu prefiro umas 50 000 vezes...

No entanto, parte do divertimento para o DM de que o Alex fala, passa por ver as reacções a jusante dos jogadores. Nada dá mais satisfação a um DM do que ver os jogadores, passados não sei quantos meses, durante um almoço no Big Mac a falarem todos ao mesmo tempo "do Balazanar e daquela altura em que encontrámos o goblin que disse que era amigo do Lithlandis e então foi o fim do mundo!!!"
É natural que um obcecado como eu fique algo taciturno quando não vê os jogadores a reagirem ao role. Talvez esta campanha não esteja a resultar tão bem como a de Scornubel, já indiquei alguns dos erros que cometi.

A questão do role comunitário, é apenas uma tentativa de procurar trazer-vos mais para o "mundo da fantasia". Ou seja, eu não quero que este seja o Forgotten Realms que está nos livros oficiais. Eu não quero saber do Elminster, nem do Drizzt, nem do raio que os parta. Eu quero que este seja o Forgotten do Jack, do Cliff, do Maevis, etc. (Bem sei que demora tempo e ainda vamos em mid-level...).
Fico sempre de nariz torcido quando vos vejo a encarar este Forgotten como algo de que têm conhecimento out-of-character, e a procurarem soluções junto dos grandes e poderosos.
"Pá... bora falar com os harpers, que são buéda broken, nível 16 e tal, e dizer-lhes para dar uma coça nos drow". Eu prefiro sempre que haja rumos baseados no conhecimento das personagens. Em suma, em vez de pensarem imediatamente "Ok, vou ter com um wizard de nível alto e pedir-lhe para fazer aquele feitiço de nível 8...", acho que seria mais interessante ver-vos a procurar soluções com base na experiência das personagens. O caso actual do Treant é um espelho exacto do que estou a dizer. Qual foi a vossa primeira opção? "Bora ter com os harpers que são buéda poderosos e de certeza que têm emga spells para isto..."

Eu encaro o role-comunitário como uma "prenda" extra para os jogadores. Ou seja, em vez de ser "o conselho decidiu fazer coiso e tal", tentar que VOCÊS sejam o conselho que decide o coiso e tal. Já tenho outro preparado para curto-prazo, e acho que vai ser bastante mais compensador do que a pequena experiência que fizémos há tempos.

Para encerrar este testamento, a questão "Pathfinder". Eu não estou a dizer que aquilo é a oitava maravilha do mundo e baza já a correr gastar rios de dinheiro e comprar aquilo tudo. Nada disso. Pretendi apenas chamar a atenção para a abordagem deles ao desenvolvimento de uma campanha/mundo. Se tiveram oportunidade de prestar atenção, eles começaram com uma cidade pequena, com meia dúzia de quests ao seu redor, onde os PC são de facto o centro de decisão. Não é o "Ok, estamos em Baldur's Gate, há aqui o grupo mega poderoso dos Paladinos de XPTO e os Mega Wizards of Oz". E à medida que aquilo vai evoluindo, vão-se introduzindo aos poucos os conceitos (deities, relações, etc.)
Lá está, um pouco o que conseguimos em Scornubel. Acabou por ser um erro estratégico da minha parte avançar para Silverymoon, onde praticamente está tudo super-caracterizado, descrito, pensado, etc. Scornubel era "solo virgem", onde apesar de vocês serem de nível 1, o mais que ali havia era 3 ou 4 tipos esquisitos de níveis 5 ou 6. E claro, o Dalael de nível 48 que tinha os pãezinhos do fim do mundo!

Para resumir esta porra toda: o que quero apenas é que trabalhemos todos para conseguirmos uma experiência duradoura de role-play e que não chegamos ao fim da campanha como uma série de oportunidades perdidas.

Quando um DM vos vê constantemente a falar das personagens de Scornubel, dos encontros de Scornubel, das missões de Scornubel, e não vos vê falar uma única vez da campanha actual... é porque há algo que não está a correr bem nesta campanha, e eu gostava de tentar perceber o quê ao certo.

Nevrast disse...

hmmm passando então à frente do pathfinder :)

acho k scornubel foi fixe por varias razoes, uma delas era ser pekenino sem duvida e haver akele sentido familiar...mas nada indica k nao seja assim com esta cidade m8, se calhar é preciso é mais tempo pk há mais gente mais npcs mais coisas pa fazer, coisas essas k não temos conhecimento (falo por mim ehehe) mas com as situacões a desenrolarem s podemos descobrir mais coisas, mais pessoas e torna la mais familiar para os caracters.

qto á maneira de levar o trent respondo no outro post :P

Alex disse...

Hmm. Bem, se pelo denominado "rol comunitário" te referes a um rol em que o local é desconhecido, estou a 10000% de acordo. Aliás, nunca gostei de forgotten nem de nenhum dos ambientes em si, para mim são os livros de capa castanha (que por acaso têm um nome, mas não sei qual é) e mais nada. Já para não dizer que forgotten realms (a nível de regras, porque de história, como sabes, sei muito pouco) é uma desgraça.
Quanto à questão da satisfação, obviamente que também queremos ver-te satisfeito e a apreciar as sessões, mas momentos como o do "amigo do lithlandis" acabam por ser inesquecíveis porque são espontaneos... E porque até certo ponto envolvem o out-of-character. E essa é outra daquelas manhas muito complicadas. É certo que podíamos todos estar em silêncio excepto quando falamos in-character e sempre que abrimos a boca pensamos antes se a personagem pode ou não lembrar-se disso. E podíamos estar que nem túmulos nos combates e nunca combinávamos nada nem tentávamos opinar sobre as acções uns dos outros... Achas que seria divertido? Será que o grande "Retorno do Dalael" teria realmente sido divertido se não houvesse toda a parte out-of-character???
Nisso, pessoalmente, acho que o universo de fantasia que espere, porque as aventuras não fogem, os npcs não morrem enquanto não chegarmos e a imaginação bem pode esperar para que possamos falar de rachas e buracos até termos rido tudo o que há para rir... Que é o objectivo destes encontros nao é?

Sid disse...

Esta parte deixoume confuso:

"O caso actual do Treant é um espelho exacto do que estou a dizer. Qual foi a vossa primeira opção? "Bora ter com os harpers que são buéda poderosos e de certeza que têm emga spells para isto..."

Mas nao foram esses gajos que no primeiro encontro que temos com eles fazem um Portal (nao um teleport miseravel) so para entrar numa torre? entao porque raio nao haviam os players de pensarem "mmmm portal...boa se aranjarem algo parecido para o treant deve servir para ele passar para a floresta"

Yah os harpers aparentemente tem mega spells, mas foste tu mesmo que me deste essa impressao dentro do role =P